domingo, 8 de maio de 2011

CARTA EXPRESSA À DONA RITA VIEIRA DE MELO: Minha mãezinha querida... Por Sérgio Vieira de Melo


Mamãe tenho gravado na mente muitas imagens tua, mas todas elas se fundem e jamais se confundem com as de qualquer outra mãe do mundo. Embora diga sempre que todas as mães são iguais, só muda de endereço... Licença para me contradizer: Você é será sempre diferente e a melhor de todas as mães que um filho treloso como eu pode ter.
Alguém já disse que as mães são anjos que o Criador tem na terra para ajudar a olhar e proteger todos os filhos.  Concordo. 
Minha amada mãe, o segundo domingo de maio no ano de 1956 caiu no dia treze, dia das mães. Por conta disso, dependendo do teu humor, eu ouvi muitas vezes que fui o melhor e o pior presente que recebeste, mas por tanto zelo as mães são mesmo às vezes tão contraditórias.
A intimidade de conversar contigo sobre alguns assuntos, que para a época, eram proibidos entre mãe e filho me fez sentir privilegiado e tua cumplicidade era a força com que podia contar para decidir diante de tantas encruzilhadas em que me deparei, valeu...
Sim, sei tabuada graças à reguadas que levei e não só te perdôo como hoje, agradeço, embora na época nunca entendesse essa história: É para o seu bem...
A minha redação sobre o dia das mães foi interrompida na frase “Mãe és a mais santa de todas as criaturas” – Sérgio, onde já se viu letra minúscula depois de ponto?
Meu nome: Sérgio Roberto, você achou bonito e copiou de uma revista Capricho. Gostei.
Não compreendi quando você não me cobrou explicações ao me surpreender lendo escondido o livro “A Carne” de Júlio Ribeiro, apena o tiraste de minhas mãos sem me pedir ou cobrar explicações, vai ver apenas por entender que eu só estava crescendo, obrigado.
É mãe, cresci, já falo em público, leio muito e adoro escrever. Deu certo.
Fui o segundo filho quando você esperava uma menina, paciência...
Vôte! Não almoça direito porque fica comendo “breboti” pela rua... Sabe mãe, breboti hoje é E-Mail e blog.
Vige! Ver agente formado e de casa própria sempre foi a tua meta. Haja incentivo.
- Se lavar e enxugar louça, varrer e espanar a casa são coisa de menina, livre para quem for trabalhar fora os que ficarem vai fazendo. Certo! Todos teem que ajudar.
Tua primeira escola: No início, haja dificuldade, sem nome e sem giz no primeiro dia de aula, longa mesa e bancos, todas as séries juntas (alfabetização e orientação de deveres) e lá se foi a sala de nossa casa no Vasco da Gama... Problema resolvido: Minha professora do SESI por certo emprestaria uns bastões de giz e quanto ao nome? Sugeri Escola Santa Rita. Giz arrumado, nome aceito, restava apenas trabalhar... Isso a vida te impôs desde jovem. Havia muita simplicidade em tudo, mas teu trabalho sério, dedicado e honesto permitiu que os teus alunos Everaldo e Luciano passassem no vestibular e se tornassem homens de bem e graduados. Quanto orgulho!
Papai no táxi financiado, a praça não estava muito boa e ouvi você dizer que rezava para encontrar um meio, uma saída de ajudar nas despesas da família. As coisas clarearam, por isso nunca relaxava na promessa de ir à missa na Igreja de Nsa. Sra. do Perpétuo Socorro. Quanta fé...
Representas sempre uma referência viva para mim, meus irmãos e netos (as) nunca desistirem da luta: O exemplo estava dentro de casa e bem diante de nossos olhos.
Já em Ouro Preto, casa própria, a batalha de começar tudo novamente: Outra vitória. A escola agora alfabetizava crianças aos montes, tinha muita música: Quadrilha, pastoril e ciranda... Foi ali que aprendemos amar a cultura popular. Fizeste um belo e edificante trabalho.
Recordo com admiração tua tenacidade em se tornar uma professora e imagino o sofrimento como a mais idosa da sala e o sufoco no ônibus Ouro Preto/Rio Doce: Tantas idas e vindas, quanto sofrimento com a matemática moderna, mas tudo esquecido diante da tua e nossa alegria na festa de formatura.
É, aprendi também mamãe que não há glória sem sacrifício... Parabéns.
Sempre me perguntei, meu Deus de onde vem tanta força, tanta coragem e determinação.
A Marinha me manteve ausente por dez anos. No meu retorno teus olhos continuavam ternos e acolhedores, mas teus cabelos já grisalhos diziam o quanto tua luta foi árdua.
Os almoços dominicais, aniversários, festas juninas e os natais sempre rodeada de filhos, noras, genro e netos (as) era uma verdadeira festa... Cozinheira de mão cheia.
Por que será que ninguém alerta a gente que não será para sempre? E se avisam, por que não damos ouvido?
Mãezinha amada, tu vives e viverás sempre em nossos corações e tenho absoluta certeza que velas e proteges muito a mim e a todos, tua intercessão junto ao pai permite que nos livremos de muitas agruras nesta vida terrena de expiação, mas agora sabes: A nossa verdadeira pátria é a espiritual para onde retornaste e nos espera.
Que o Criador te conceda, em sua infinita bondade, muita luz no teu caminho de evolução, conforme o teu crescimento e merecimento.
Um grande beijo, saudades de todos. Teu segundo filho, Sérgio Vieira de Melo
Bom Jardim MAI 10, 2011 – Dia das Mães.

PS. Um fraterno abraço em papai, que há um ano está ao teu lado.

2 comentários:

  1. Leia-se:
    Bom Jardim. Maio. 08, 2011 - Dia das Mães.

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  2. Perfeito, como não poderia deixar de ser,
    já que a destinatária também foi!
    Saudades eternas de vovó Rita e de vovô Biu!
    =)

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