sábado, 12 de maio de 2012

MANHÃ DE CHUVA (CANCÃO). Sugestão: Amélia Lins de Azevedo.

MANHÃ DE CHUVA (CANCÃO) - De: Cultura Viva Pernambuco
 1
As andorinhas no rio
Passam baixinho voando
Como crianças brincando
Num lago vasto e sombrio
O mangueiral do baixio
Sente a chuva, estende a rama
No chão, a verdosa grama
Se serve do mesmo orvalho
Que o vento, agitando o galho
A folha treme e derrama
2
Passa perto da palhoça
Um boi em lentas passadas
Fazendo as suas pisadas
No balanço da carroça
Vai a tabaroa à roça
Em um ar aborrecido
No caminho mais seguido
Buscar água no regato
Se defendendo do mato
Pra não molhar seu vestido
3
Do sopé da cordilheira
As pequeninas correntes
Se despenham diligentes
Em busca da cachoeira
O xexéu, na aroeira
Olha toda a redondeza
Diante tanta beleza
Se sente todo encantado
Pensa ser o namorado
Mais fiel da Natureza

4
Caminha o rebanho lento
Do arvoredo vizinho
À procura do caminho
Do planalto lamacento
No campestre friorento
A planta alegre se agita
A flor sorri e palpita
Sentindo os ventos medonhos
Lá dos recantos tristonhos
Que o gênio da sombra habita
5
Dentro do bosque cerrado
A vegetação cochila
Levanta a fronde tranqüila
Sentindo o tronco lavado
Dentro do emaranhado
Que à tarde a sombra rodeia
A ema, lenta, passeia
Em um constante arrepio
Já enfadada do frio
Que a mão da brisa semeia
6
O vento passa maneiro
Pelo campo rosciado
Fingindo um céu esmaltado
Coberto de nevoeiro
Na baixada, o ingazeiro
Sente vigor, se renova
Como nos dando uma prova
Se mostra todo florido
Entre o multicolorido
Dum mundo de rama nova.

Neste 12 de maio de 2012, a poesia está em festa. Há cem anos nascia um gigante da arte: João Batista de Siqueira, mais conhecido como cancão! Filho de Pernambuco, nascido em São José do Egito, não por coincidência, conhecida como cidade dos poetas, cancão respirou poesia em toda sua caminhada neste nosso mundo. Encantou-se no mesmo chão que nasceu, em 5 de julho de 1982. Ao mestre, parabéns e muito obrigado pela essência deixada para todos nós.

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