Dileto mano Ramos Vieira de Melo.
Você não pode calcular o número de tentativas e a dificuldade que
tenho agora para escrever algumas palavras direcionadas a você e sobre o seu
aniversário. É impressionante como julguei que seria fácil e, no entanto, as
tecla do PC parecem travar e nada sai. De tanto tentar e sem inspiração, pois
gosto e costumo ser verdadeiro em exprimir realmente o que sinto, resolvi analisar e
relatar a própria dificuldade.
Na minha pobre ótica é comum que o primeiro filho, alvo dos primeiros
dengos e mimos possa causar certa inveja dos que se seguem. A autoridade
conferida naturalmente por conhecer mais e que a inserção há mais tempo no seio
da família provoca. É como se fosse desencadeada uma competição (sadia e
salutar) e esta, cria as resistências que ocorrem na atenção dividida dos pais,
dos amigos, na escola e nos demais eventos que envolvam a presença e
participação de todos.
Tudo isso, repito, acontece de forma tão natural que nem percebemos o
atraso causado com nossa preocupação diante do êxito do primogênito e que só
nos une um pouco mais quando acontece uma adversidade. Nesta hora nossa
condição de pertencimento e a divisão na dor se apresentam exacerbada. ... Ele
é meu irmão e apesar de nossas diferenças, agora precisa contar comigo. Somos parte desta célula máter e a mesma
condição de família que nos afastou durante muitas situações, nos aproxima, mas
infelizmente, somente durante aquele momento e poucos aprenderam e sabem dar
sem humilhar...
Às longas ausências causadas pelas contingências que a vida nos impôs
e possivelmente ao nefasto sentimento da inveja possa ser creditado esse
afastamento. A falta de intimidade contigo, mas tão comum entre os irmãos que
se seguem, a ausência de cumplicidade dão lugar a uma formalidade involuntária
que divide em dois blocos injustos: O primeiro filho e os demais. Mas sabemos
que sempre é tempo e nunca é tarde para recuperar...
O ar de superioridade que julgamos existir não deveria ter lugar, pois
passamos juntos pelas mesmas pelejas e dificuldades e só o tempo se encarregará
de destruir ou solidificar as coisas e julgar os procedimentos adotados, trazendo a lucidez e o discernimento para cada um de nós e que mesmo
geneticamente da mesma origem, somos únicos, vemos e entendemos às vezes de uma
maneira oposta e toda própria os mesmos fatos vivenciados, mas com intensidade
e impacto diferentes.
A explicação para tudo isso busco na espiritualidade, alicerçando que
quando regressamos da pátria mãe para uma nova oportunidade de amar a quem
possa nos ter feito algum mal, somos fracos e limitados para entender o
verdadeiro sentido do nosso novo encontro, resgatar e perdoar nossas dívidas
(está no Pai Nosso), viver em harmonia, mutuamente nos ajudar, evoluir e
trilhar incessantemente o caminho do Criador, que tudo vê, sente, sabe e
reconhece nossas fraquezas, mas não nos presenteia como o que pedimos e sim,
com o que julga que necessitamos. ELE com certeza compreende agora minha
dificuldade de direcionar para você um “feliz aniversário Ramos”, que Deus
cubra de bênçãos você e sua família, derrame sua luz divina e curadora para
iluminar teus passos e corrigir as nossas invejas.
Bom Jardim PE. Jul. 07, 2011 – Sérgio Vieira de Melo.
PS. No nosso primeiro encontro físico cobrarei um dos muitos abraços
que deixamos de dar até hoje.
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